Esquerda brasileira comemora vitória de socialista muçulmano nas eleições para prefeito de Nova York
- Feliciano
- 5 de nov.
- 3 min de leitura
Vitória de Zohran Mamdani, jovem deputado estadual, é vista como símbolo de resistência a Trump e renascimento do socialismo americano. Direita também se manifesta nas redes sociais

A eleição do democrata socialista Zohran Mamdani para a prefeitura de Nova York, nesta terça-feira, provocou forte repercussão entre políticos brasileiros. Aos 34 anos, o deputado estadual, primeiro muçulmano e primeiro sul-asiático a comandar a maior cidade dos Estados Unidos, é visto por setores progressistas como o novo rosto de uma esquerda popular, diversa e conectada às causas sociais. Nas redes, parlamentares e ministros celebraram a vitória como um “ato de esperança” e um recado contra o avanço da extrema-direita mundial.
"A eleição de Zohran Mamdani coloca um socialista, filho de imigrantes e defensor da causa palestina na prefeitura de Nova Iorque. É uma forte mensagem de rejeição às políticas de extrema-direita de Donald Trump", escreveu Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais e presidente do PT.
O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), classificou o resultado como "o triunfo da organização popular e do espírito das mobilizações 'No King' e anti-Trump, que reativaram as forças sociais em defesa da justiça, da acessibilidade e da dignidade". Para ele, a vitória do democrata simboliza que "o povo, unido, é capaz de confrontar o fascismo e o status quo".
No mesmo tom, Marcelo Freixo, presidente da Embratur, afirmou que a trajetória do novo prefeito é um "recado poderoso" para os que se sentem excluídos da política. "Ele é jovem, imigrante, muçulmano e de esquerda, e venceu com uma agenda popular e progressista", destacou.
Já o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) enalteceu o conteúdo das propostas de Mamdani, que incluem congelamento de aluguéis, transporte gratuito e tributação dos super-ricos. Segundo ele, a vitória "representa o reencontro da esquerda com as ruas num recado ao mundo de que o futuro deve ser plural, solidário e democrático".
"A eleição de Mamdani impõe uma derrota direta a Donald Trump e ao trumpismo, que transformaram o ódio e a xenofobia em estratégia eleitoral. Nova York respondeu com o voto na diversidade, na solidariedade e na justiça social", afirmou Lindbergh.
A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) também comemorou: "Na contramão da política de ódio e destruição de Donald Trump, um socialista muçulmano vai ocupar a prefeitura da maior cidade dos Estados Unidos. Tudo isso com pautas do povo."
Mamdani, que obteve 50,4% dos votos contra 42,3% do ex-governador Andrew Cuomo, é apontado por analistas como um símbolo de renovação dentro do Partido Democrata. Em discurso após a vitória, afirmou que "Nova York será a luz em meio à escuridão política do país", em alusão à polarização sob o governo de Donald Trump.
Direita ironiza e alerta para “populismo”
Entre políticos e influenciadores da direita brasileira, a vitória do socialista foi recebida com críticas e ironias. O deputado Ricardo Salles (Novo-SP) afirmou que a escolha dos eleitores "vai custar caro à cidade de NY".
"Vai ser preciso uns três Rudolph Giuliani (ex-prefeito conservador da cidade) para consertar o estrago", publicou.
O ex-deputado e ex-coordenador da Lava-Jato Deltan Dallagnol chamou Mamdani de "socialista radical".
"Ele conquistou os nova-iorquinos com o populismo clássico da esquerda: ônibus e creches gratuitos, congelamento de aluguéis e moradias “acessíveis” e até uma rede de lojas públicas com preços controlados para combater o alto custo de vida. Tudo isso, claro, bancado com o aumento de impostos sobre os mais ricos”, criticou.
Já o blogueiro bolsonarista Paulo Figueiredo ironizou o eleitorado nova-iorquino: “Basta andar pelas ruas, ver o tipo de gente esquisita que vive ali e você sabe que, cedo ou tarde, a conta vai chegar nas urnas. Foi-se o tempo das pessoas bonitas e bem arrumadas. Agora é só cabelo colorido e pouco banho.”
A ascensão de Mamdani, nascido em Uganda e filho da cineasta indiana Mira Nair e do acadêmico Mahmood Mamdani, representa uma guinada simbólica na política nova-iorquina. Formado em Estudos Africanos e atuante na defesa de imigrantes e inquilinos, ele se tornou popular entre jovens e ativistas ao propor políticas de habitação acessível, transporte gratuito e creches universais.



Comentários